Nesta
postagem vamos observar algumas questões interessantes em relação a estes
métodos para medir o nível de inteligência de uma pessoa.
Se
você acessa alguma rede social com certeza já compartilhou (ou compartilharam
com você) alguns destes testes:
(Clique na Figura para ampliar)
É
curioso que algumas pessoas, cuja boa fé, que eu não tenho nenhuma razão para
duvidar (embora ... concordo ... alguns me despertam certa desconfiança ...), ofereçam testes para medir algo cuja definição
não é totalmente definida.
Então,
o que está sendo avaliada? Por exemplo: na Figura 1 é apresentada uma tabela de
números no qual temos um número faltando (no local deste número temos um ponto
de interrogação “?”) e sem nenhuma outra informação, concluímos que o “teste de
inteligência” consiste determinar de forma lógica qual é o número desconhecido explicando
qual o raciocínio utilizado para obter este número.
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Figura 1: Teste 1. |
Este
teste supostamente não é apenas para ser capaz de determinar qual o número deve
ir no lugar do ponto de interrogação, mas também medir suas habilidades
analíticas para obter uma lei de formação, ou seja, alguém pensou em um padrão
que na qual obtemos esta tabela e quer que você descubra.
Se
eu fosse você, eu iria parar um pouco e pensar numa solução.
Aqui
vou propor uma resposta, mas, em qualquer caso, pode-se divertir procurando outras
formas de resolver:
Pode-se
dizer que o número que falta é 215. Veja os números que compõem a primeira linha:
na primeira e na terceira colunas temos 54 e 36. A soma dos dois externos (5 +
6) é 11, e a soma dos dois interiores (4 + 3) é 7. Assim, o número 117 foi
obtido juntando a soma dos dois números exterior com a soma dos dois números
interiores.
Agora,
para a próxima linha e realizar os mesmos cálculos: os dois números da primeira
e da terceira coluna são 72 e 28. A soma dos dois externos (7 + 8) é 15 e soma
dos dois interiores (2 + 2) é a 4. Assim, o número que deve estar no meio é
154.
Na
terceira linha os dois números da primeira e da terceira coluna são 39 e 42. A
soma dos dois exteriores (3 + 2) é 5 e a soma dos dois interiores (9 + 4) é 13.
Assim, o número que deve estar no meio é 513.
Finalmente,
com este padrão, tendo em conta os números 18 e 71 na última linha: a soma dos
dois exteriores (1 + 1) = 2 e a soma dos dois interiores (8 + 7) = 15. Juntando
2 e 15 obtemos 215.
Se
quem criou este teste pesou da mesma forma que eu (ou você) o número que falta
é 215. Se o leitor obteve outro número coloque nos comentários a forma como
obteve este número.
Apresso-me
a dizer que nenhum destes métodos são confiáveis, muito menos precisos.
Na
verdade, em regra geral, há, infinitas maneiras de encontrar um número (igual
ou diferente de 215) que possa ocupar o lugar do ponto de interrogação. O teste
trata-se, em todo caso, de ser capaz de descobrir a forma pensada por quem
criou este teste.
Chamar
algo assim de “testes de inteligência” é um grande erro, visto que não medem e
nada o nível de inteligência de uma pessoa, além do mais podem gerar conclusões
erradas sobre a suposta "inteligência" ou "não" a um
sujeito.
A
única coisa que você pode verificar é que há pessoas que não recebeu a instrução
necessária para este resolver este tipo de testes e nada mais. Observe que nada
impede que o sujeito que não solucionou este “teste” busque o conhecimento
necessário para resolvê-lo.
Entretanto,
em alguns casos, acaba ocorrendo um sentimento de “eu sou o eterno inteligente”
ou “eu sou o eterno incompetente”, que pode, futuramente, causar outros traumas
na vida sentimental do indivíduo.
Apresentamos
outro exemplo na Figura 2:
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Figura 2: Teste 2. |
Qual
número seria substituir o ponto de interrogação? Pense um momento e responda.
Se
me disser que não pensou ou nem mesmo considerou o número 9, eu não vou
acreditar.
E
se eu disser que a tabela pode ser completada como na Figura 3:
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Figura 3: Solução do Teste 2. |
Certamente
achará que viu errado ou se ocorreu um erro de digitação ... mas não, o último número
é realmente 27.
A
lei de formação desta tabela é a seguinte: em cada linha, pegue o número da
primeira coluna e eleve ao quadrado; do resultado subtraia quatro vezes o
número da segunda coluna; e some dez, o resultado deve ser o número da terceira
coluna, ou seja:
- na
primeira linha: 12 – 4 · 2 + 10 = 1 – 8 + 10 = 3;
- na
segunda linha: 42 – 4 · 5 + 10 = 16 – 20 + 10 = 6;
- na
terceira linha: 72 – 4 · 8 + 10 = 49 – 16 + 10 = 27;
Moral
da História 0: Não conseguir resolver um teste deste tipo não lhe dá uma notícia
com título "Lamento informar que você será um tolo toda a sua vida. Prepare-se
para um vida de dificuldades!".
Moral
da História 1: Conseguir resolver um teste deste tipo não lhe dá uma notícia
com título "Informamos que você será um grande gênio, o “bonzão”, o “top”
por toda a sua vida. Prepare-se para curtir o menor da vida!".
Moral
da História 2: Tente treinar fazendo esses tipo testes observe como obteve a
resposta de todos, ou quase todos. Neste momento, talvez você pense que é mais
esperto. Curiosamente pode ter aprendido a resolver o teste de uma forma melhor
do que a forma proposta pela pessoa que criou o teste.
Moral
da História 3: Utilizar a matemática como um “testador de inteligência” pode
produzir não só efeitos negativo e frustrante, mas falso, além de causar
traumas contra esta disciplina nas escolas.
Referência
PAENZA,
Adrián. Matemáticas… ¿estás ahí? Episodio 2. Editora Universidad Nacional de
Quilmes. Buenos Aires: Siglo Veintiuno Editores, 2006.
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