Um professor propôs a seus alunos do 1.º ano do Ensino Médio, o seguinte problema:
Uma população P cresce em função do tempo t (em anos) segundo a sentença P = 5 000 · 100,1t. Hoje, no instante t = 0 a população é de 5 000. Daqui a quantos anos a população será de 100 000?
Assim, a resposta ao problema é obtida por meio da resolução da equação 20 = 100,1t.
Levando-se em conta o atual Currículo do Estado de São Paulo, é correto considerar que
(A) o professor deveria ter proposto apenas números como 50 000, 500 000, 5 000 000 etc em lugar do 100 000, pois, desse modo, o problema seria traduzido por meio de uma equação exponencial cujos dois membros poderiam ser reduzidos a potências de 10 com expoentes racionais.
(B) essa situação é inadequada para alunos do 1.º ano do EM, tendo em vista que, para resolver a equação exponencial 20 = 100,1t, não é possível substituir o número 20 por uma potência de 10, impossibilitando “igualar” as bases dos dois membros da equação.
(C) a resolução da equação exponencial 20 = 100,1t somente é possível por meio de tentativas com o uso da tecla yx de uma calculadora, atribuindo 10 para y e experimentando, ou estimando valores de x até obter um número satisfatoriamente próximo de 20.
(D) para resolver a equação exponencial 20 = 100,1t, o professor deverá discutir com seus alunos que eles devem encontrar um número x, que é o logaritmo de 20 na base 10, por meio de calculadora ou tabela, substituindo o 20 por 10x e resolver a equação 10x = 100,1t.
(E) em decorrência da grande dificuldade em resolver a equação exponencial 20 = 100,1t, a situação-problema dada é a ideal para o professor introduzir aos alunos o logaritmo natural, ou seja, o logaritmo cuja base é o número e.
Solução: (D)
A alternativa (A) se refere ao erro mais comum dos professores: facilitar os cálculos. Os estudantes precisam entrar em contato com situações problemas no qual os cálculos nem sempre geram resultados exatos ou são fáceis de calcular.
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Não resisti ... piada pronta! |
O estudante deve aprender a utilizar tabelas, calculadoras e computadores para resolver questões deste tipo, lembrando que na maioria das profissões que envolvem a matemática os cálculos não são resolvidos na mão. O importante é que o aluno entenda o conceito e a forma de como se obtém o resultado de determinada conta. O meio para se obter o resultado final fica por conta do estudante.
A alternativa (B) está errada elevando-se 10 a potência 1,301029996... obtemos 20, ou seja, 101,301029996... = 20. Na realidade 1,301029996... = log10 20. Outro erro desta alternativa é dizer que a situação envolvendo esta questão é inadequada ao 1° ano do Ensino Médio, visto que a função logaritmo é a função inversa da função exponencial e seu estudo é realizado de forma praticamente simultânea.
A alternativa (C) é incorreta, pois podemos resolver a questão por meio de logaritmo, entretanto a utilização da calculadora pode ser uma ferramenta didática no estudo destes conceitos. Da mesma forma o professor deve orientar os alunos de como utilizar a calculadora de forma eficiente, visto que uma calculadora que possui a tecla yx certamente possui uma tecla log.
A alternativa (D) é aquela que apresenta uma coerência em se tratando de uma introdução ao estudo das funções logarítmicas, esta introdução pode ser mediada por calculadoras e tabelas logarítmicas.
A alternativa (E) é incoerente com a seqüência didática normalmente utilizada, inicialmente se trabalha com os logaritmos na base dez depois utiliza-se os logaritmos naturais ou logaritmos neperianos. Os logaritmos neperianos geralmente estão envolvidos com problemas relacionados com modelagem matemática de fenômenos naturais, então é importante que o professor apresente aos estudantes situações problemas envolvendo estes tipos de logaritmos.
Resolução a pedido da Profª. Édnamar.
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